sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

IN-SANA


Em 20 minutos uma decisão me leva ao paraíso, mesmo que por poucos dias. A espera desencontrada brindada numa lata de cerveja, bebida que muito precisava para começar a acalmar minha euforia ilusória. Um mundo a parte de atmosfera sentida em arrepios na pele quando em contato com a fria água que começava a lavar a alma. Filtros dos sonhos esmiuçavam os pesadelos sofridos nos meus últimos dias daquele ano se despedindo. Não pensava, vivia. Drads, back, amor liberado em todas as suas formas desfilavam em minha retina um sentimento de liberdade absorvido por todos os meus poros. A noite chega com magia, onde o tilintar do  triângulo no pequeno palco conduzia as batidas do coração no ritmo que pulava de encontro ao seu peito numa dança há muito esperada. Nos segundos finais, as pernas acompanharam a emoção da despedida do velho, onde uma pequena ponte sobre um filho de cachoeira levaria a Oxum nossos desejos para o novo em amarelo ouro como as flores jogadas de lá. Dias sem horas vividos no mais puro perdido de mim. Provando carinho num pão de queijo ao acordar, num banho de havaianas no areal do banheiro coletivo, no protetor passado contra minha vontade após a vermelhidão me assolar o corpo, nos olhos que vigiavam minha liberdade numa pista de dança, onde solta em minha plenitude astral sabia não estar sozinha. Boba me senti segura, criança, amada e respeitada, em cada detalhe curtido a dois. Me senti mulher! E nada apagará em minha memória intensos momentos de uma simplicidade besta naquele lugar. Volto a realidade me esquecendo que magia acaba, que não se vive assim por muito tempo, e a espera por um dia seguinte agonizava num turbilhão de decisões a serem tomadas. E minha fraqueza abate num segundo todo um tempo onde a inocência no acreditar já morria há muito. Me visto de mim nesse mundo que vivo, e como sempre, volto ao meu caminho sem destino, onde expectativas machucam tanto que as abortei. O inesperado me espera, e só com ele posso contar. E novamente boba, divida entre aquele mundo e o presente, torço para que sempre consiga quebrar essa dura capa precisa pra sobreviver, para algum restinho de puro sentir resistir, me fazendo ainda bobamente acreditar... 

Flavia D'Angelo 

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