segunda-feira, 13 de abril de 2015
corpo tão cheio que peso não vai mais comigo. liberta de medos, culpas, receios, me faço vazia de toda vergonha...exorcismo os pesadelos que cobrem vivência de névoa. entrega no tudo que espera, me faço conclusa. preciso de puro existir. nua me sinto na estrada que frente se abre. caminho...louca viagem traz coragem forçada. cansei-me do nada. fraca suplico vontade, sinto que arde no corpo vício em querer. injeto em minhas veias verdade, invade cortando na carne falta de pele...respiro prazer
Flavia D'Angelo
domingo, 12 de abril de 2015
odeio quando me cai todo peso do fácil julgar. reconheço imperfeito meu ser, em atos e passos vivo na busca calçando verdade toda minha entrega. sem dolo erros me fazem parte. não saio impune, cumprindo pena que dei-me. basta sentença pesada por tanto falhar. luta que mente promove, absorvo pancadas que marcas deixadas gritam sem piedade: preciso mudar. sem desistir história que fim desconheço, mudo roteiro...linhas que brancas escrevo retalhos no tempo que me restará
Flavia D'Angelo
quinta-feira, 9 de abril de 2015
quase frenética me fiz despir
pele tirada em peças usadas
refiz
não mais me escondo de mim
vergonha arrancada que me permiti
corpo traído em al(maltrada)
tão baixa mulher me senti
nulo respeito presença me fez engolir
sofri
ao lado sentava das putas, bocetas e cus te serviam
pra homem sentir
rasgada joguei todo nojo
e nua de pele no osso
parti
leve renasce a pele
que não mais entregue se fez
hoje os toques sentidos
me fazem mulher que mereço
na pele vivo
prazer puro de homem
que troca verdade me mostra
todo pertencer
Flavia D'Angelo
Foto: Francesca Woodman
sábado, 4 de abril de 2015
tragadas que boca sugava em noites varadas de vício, vestiam de memórias fumaça expelida de restos vazios. em brasa queimei chagas que ainda me tinham. e fora joguei toda cinza que sufocava o peito adormecido em passado. e hoje respiro inteira meu doce momento. sem nenhum receio, aceito presente que vivo. não perca tempo com máscaras, fotos montadas de felicidade, fugir de encontros pela cidade, desfilar desprezo por vaidade. tua presença não me faz sentido, nem para amiga te sirvo...fique à vontade
Flavia D'Angelo
me tomei de susto
surtei no minuto
que tirei tapete
cobrindo correntes
atraso de vida
há muito não via
cura que antes perdida
busquei
se faz tão presente
me perdoei
e fez do seu tudo meu nada
que nada meu tudo lhe resta
liberta
história escrita no livro
guardado no fundo da estante
não mais interessa
segues em paz teu caminho
longe refaço destino
vivemos amores no hoje
que antes não nos pertenceu...
fique com Deus
Flavia D'Angelo
quarta-feira, 1 de abril de 2015
percorro paredes vazias que gritam silêncio. em beco me fecho fazendo quadrado lugar que pertenço. mergulho no escuro que noite me cobre, entrego o corpo tragando ilícito mundo que mente desliga. flutuo momentos de fuga, me faço completa, liberto desejo prazer em segredo sacia fome de mim. embriagada do que me pertence, espero cansaço no afago que me permiti...sentindo no gozo encontro do eu...de mim
Flavia D'Angelo
em mim falta o menos do mais quanto sou no ser gente...sempre perdendo. impondo limites, razão que não me pertence. mas necessito compondo abrigo urgente. não mais me sinto vivente quando emoção aborto...corpo sofrido do tanto que sinto, repreendido por longo caminho pisado em erros... fiz julgamento rogando sentença... tortura de vida que jaz emotiva, entregas falidas não mais repetidas na minha vontade do novo buscar...nego falhar
sábado, 28 de março de 2015
carrego-te karma na pele curada no corpo meu. decorei pedaços, pelos e traços que tolo passado esqueceu de esquecer. rondando vazia em sombra maldita de quarto guardando cheiro teu. promessas cuspidas, preces que ditas rogam aflitas sua morte em mim. tirar das entranhas presença que marca o quanto sou fraca no corte do forte de seu ser no meu. cansada da luta, sigo vivendo teu pensamento qual companhia. assim me preencho do pouco que tenho...minha fantasia
Flavia D'Angelo
Foto: Marta Monaco
livre...extasiada na minha soltura corpo expurga prisão que minh'alma colada na sua provou. liberto peso e confesso erros que em desespero bebi no desejo de amar. leve ergo meu ego despindo a pele suja de ti. vôo ensaio seca do fardo que vento soprado embala meu renascer. e toda entregue deixo que leve na busca pedida...meu tudo que fiz merecer
Flavia D'Angelo
Foto: Lena Maia
ritmo levado nos pés canta cavaquinho marcado no surdo. saio do corpo e embalo na dança que expurga nos poros gotas molhadas de dúvidas. deixando calor que emana da alegria sentida em balanço sambado, entrego completa coreografia parida em êxtase. energia renovada em cada passada levada no chão deixando peso trazido. me realizo. solta em louca harmonia, desgasto casca pesando caminho. escuto absorvendo risos que momentos me trazem. e corpo molhado enxagua meu fundo...dentro meu mundo dança mudança precisa..me faço alegria em compassos...sigo bailando meu próprio passo
Flavia D'Angelo
sábado, 21 de março de 2015
palavras que nunca ungidas gritadas em bocas silenciosas.frias... fantasmas incorporados tragavam almas pedintes de exorcismo. sacrifício fugido de memórias em corpos presentes...quentes. o belo enchido de feio deixou semente. largos passos desfilamos travados no orgulho de nós mesmos. vaidade. se fosse verdade...covardes nos deixamos
Flavia D'Angelo
quarta-feira, 18 de março de 2015
feito covardia
me fazendo sina
de pele sentida na tua
perfume no tempo perdura
não sabes livrar
feito rebeldia
me fazendo ouvida
nas frases que bocas outras
te faço escutar
feito sinfonia
me fazendo viva
de ritmo em corpo que fode
apenas te mostre vontade do que te gozei
feito rotina
me fazendo teus dias
presença ainda sofrida
vida que fomos vivida...
e não esqueceu
Flavia D'Angelo
eis que me chega o tão esperado nada! te tomo em meus braços, alego vital dependência de sua presença nos dias e noites que me são açoites, sem vida. a ti me entrego, te bebo saciando fome de alma tranquila. o peito invade tirando alarde das horas infindas, lotando espaço que jaz em cansaço de paz que preciso. leve caminho faço destino em tua estrada...te sigo completa, vasta vestida de todo o meu nada
Flavia D'Angelo
Foto: Lena Maia
o novo em todo me encanta. mistérios contidos que calma aprendida dita o tempo de se revelar. cheiro sentido, toques pedidos, cada sorriso que passo a reconhecer. frio que queima na pele química perfeita sentida. as diferenças ditam completa harmonia quebrando rotina...deixamos-nos ser. aceita em mim os defeitos, perdoa meus erros, e apenas prometo amor verdadeiro fazendo-te meu homem inteiro...sendo tão sua que teu eu possua dentro de mim
Flavia D'Angelo
quinta-feira, 12 de março de 2015
meu bluesman
que corpo instrumento
me tocas atento ligados tão lentos
fazendo-me acordes
que dedos moviam suave controle
na força batida
em cordas de curvas
sabendo-me sua
encanta estrutura
dedilha tua música em meu movimento
pull-offs e riff
marcando compasso
que 4/4
de quatro possua
na tonalidade nua e crua
minhas notas cifradas
pelas mãos suas...
Flavia D'Angelo
me enoja no homem fraqueza. aquele que veste orgulho na pele que não lhe permeia. fátuo que sente, ser que vivente em cheio vazio, pretenso escondido no íntimo teme destino. infeliz...falta coragem em render-se a verve de vida. suprimindo impulsos reprime a arte da entrega sem nada pensar, covarde se fecha e perde a festa...não sabe amar
Flavia D'Angelo
Foto: Lena Maia
pele trocada. desidrato resquícios que líquidos língua molhou debridando tão fundo pedaços só meus. carne que dilacerada em passado curada de tempo, dialisada por dentro o sujo impuro que me permiti...nas veias circulam sangue com sede do novo. limpa do que corroia, entrego o corpo em saliva que bebo contida de vida em você...afogo-me toda em gozo
Flavia D'Angelo
perdão só me cabe a Deus implorar toda noite de meus dias. desculpas eu peço se me reconheço delas precisar, talvez no egoísmo de peso na alma livrar. esqueço motivos avessos, erros prescritos de respostas em apostas perdidas do risco ousado que me fiz jogar...desafio. relevados no tempo revelado de joio que dentro do trigo se fez guardar. descarto passado que faço enterrado. perdidos ficaram pedidos frustrados lá fora. insiro momento e vivo somente na mente o agora. desculpe por isso não me ser preciso ...
Flavia D'Angelo
Flavia D'Angelo
brinde partido
fermentei- te no ventre
fruta inteira
guardei-te em carvalho raro de mim
temperatura perfeita
esperei bebida brindar-te no hoje
qual ninfas na cura do deus dionísio
lavrando carinho de amor em pedaços
mas celebras momento
meu e teu
que taça dilui em veneno
o gosto tornado ameno
passado de vida
desprezo nunca escondido
daquele que não te viveu
ingrato sabor se transforma
líquido degusto agora
garrafa que jogo pra fora...nada valia
Flavia D'Angelo
domingo, 8 de março de 2015
aos poucos, por pouco, de novo...expelindo pedaços no caminho desfeito, como migalhas a indicar para onde não voltar. respiro a calma agora tragada por não mais alí estar. saber-me aqui, em mim, meu inteiro eu, com tudo que me pertence saturado em avarias...sinistros que deixei meu tempo causar. falhas reparo sem pressa, troco as peças quebradas que peito me causam pesar. torno-me nova que leve prometo futuro. sou meu destino, refeita no íntimo escolho estrada segura...direção que muda, em retas e curvas... almejo chegada ... quero ficar
Flavia D'Angelo
me dominava...trato em que me brincava fazendo mulher. braços que me prendiam em força mostrava homem que é. sinto doer minha pele que não mais te encosta. garganta guarda gemido do gozo que não mais provoca, e força abafar sentidos que corpo em gritos convoca...viva me sinto morta
Flavia D'Angelo
Foto: Lena Maia
me samba em bamba
noite encanta
sorriso que canta
e soa qual mantra
no corpo tão leve
que boba entregue
te faz em prece
fileiras deitadas
mantendo acordada
solta no tempo
curtido em minutos
preenche em tudo
fazendo instante
todo meu mundo
e sol anuncia
que novo dia
acordo colhida
em braços que breves
sentiram em ti
tamanha alegria
falta me faz...e o samba saiu
procurando você!
Flavia D'Angelo
"...Coisa que gosto é poder partir sem ter planos. Melhor ainda é poder voltar quando quero..." essa música hoje, de Milton Nascimento e Fernando Brant, me veio na cabeça do nada. me peguei rindo pois a conheci através de uma cartinha trazida pelo meu primeiro namorado, aos 10 anos. lembrei de como ficávamos deitados em seu quarto curtindo Elvis, nossa paixão. perdi contato e infelizmente, ele hoje tá no plano espiritual, mas que carinho me encheu essa recordação. com isso vieram pedaços marcantes, e destes me fixei nos bons. descarto aqueles que não me fazem rir, ou que não me façam sentir o calor humano que me impede de racionalizar qualquer erro. e sem planos, cada qual em seu momento, cada um por si me deixou marcas. e quero guardá-las, voltando no tempo quando quiser e usá-las como aconchego de uma força motriz de mim mesma pra partir, sem saber quando, onde e como. que venha sempre preenchendo espaços que ainda tenho de sobra. e transborda assim uma vontade não sei de que nem de quem...mas sei que vem... todo meu
Flavia D'Angelo
meu choro tem hora certa. depois do sol me comer o dia, rir com amigos, matar compromissos e outras cositas da vida, já sei: tomo meu banho e quando no quarto sozinha de tudo ele vem. rasga no peito, e nem me percebo enquanto me deito, o pranto rolar. incham os olhos e só me dou conta no meu acordar. por qual motivo? por perda de quem não convêm lamentar? do que me faltou fazer e talvez defesa de não me doar? da solidão que até então me fazia tão bem? da guarda, que antes tão alta, protegia meu dentro, me abandonar? da força que antes julgava de mim fazer parte, e não enxergava verdade de me ser tão fraca? só sei que como remédio com dose marcada, na hora exata que cabeça cansa, e razão descansa fazendo da noite o meu despertar, eu choro...como criança, choro
Flavia D'Angelo
árvore me fiz
daquelas que forte
sem nenhuma pressa
deixou tempo que sábio
regou com cuidado
fincando em solo
raiz que contida
crescia em vida a força precisa
deixei que bebessem
aqueles que sede em todo tamanho
seiva que tronco guardava no colo doado
meus galhos colhiam em ninhos
amor que pari no caminho
frutos que tenho guardados
flores que néctar brindavam
saciando fome matada
de doce que ofertava
a quem me vivia
ventos sopravam mudanças
despia de folhas minhas partes
nem fortes tempestades
mudavam lugar
por fora frágil florida
engano vida sofrida
que cava mais cada dia
essência guardada que fundo
raiz marca meu mundo
floreio por sobre os muros
semeio a todo minuto
palavras em versos curtidos
nada me prende o rumo
balanço na paz que procuro
plantada meu canto possuo
me fiz baobá
Flavia D'Angelo
daquelas que forte
sem nenhuma pressa
deixou tempo que sábio
regou com cuidado
fincando em solo
raiz que contida
crescia em vida a força precisa
deixei que bebessem
aqueles que sede em todo tamanho
seiva que tronco guardava no colo doado
meus galhos colhiam em ninhos
amor que pari no caminho
frutos que tenho guardados
flores que néctar brindavam
saciando fome matada
de doce que ofertava
a quem me vivia
ventos sopravam mudanças
despia de folhas minhas partes
nem fortes tempestades
mudavam lugar
por fora frágil florida
engano vida sofrida
que cava mais cada dia
essência guardada que fundo
raiz marca meu mundo
floreio por sobre os muros
semeio a todo minuto
palavras em versos curtidos
nada me prende o rumo
balanço na paz que procuro
plantada meu canto possuo
me fiz baobá
Flavia D'Angelo
já sabia o grande Baudelaire que homem que só bebe água, tem um segredo a esconder. Buk dizia que beber arranca você pra fora. então, prefiro os bêbados! só assim conheço a essência que me interessa. quero a perda de controle, as palavras cortantes, as agressões marcantes, o verdadeiro eu que lhes pertence. raiva mergulhada que álcool desmascara palavras meladas de sobriedade. quero verdade de whisky, embriagando realidade que cordeiro guardava em lobo. mágoas sem nexo como se perdão viesse como ressaca. e quando amanhece, me satisfaço em revelações. e parto...brindando comigo!
Flavia D'Angelo
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