quinta-feira, 11 de dezembro de 2014


respiro em toques
portanto provoques vontade de vida
bem sei que me basto
mas no desabafo preciso
e sinto
que pele aflita
me grita pedaço
então
me divida...

Flavia D'Angelo

a última cerveja termina com a noite que me mostrou viva. peso cada pedaço de mim tragado nos caminhos por onde andei. palavras, promessas, toques, orgasmos...todos vividos de forma tão plena que refletem em mim a realidade do agora. não me arrependo. afinal, sou a soma das maledicências e benevolências que me fizeram essa mulher. perfeita? longe de ser, nem o quero. apenas humana que mergulhou em cada momento preciso, não importando as consequências. absorvi experiências me tornando o que sou. e continuo sugando novos saberes...independente de quem os traga. e durmo em paz...

Flavia D'Angelo


no caos que habito escolho comigo quem tudo preenche . não tenho princípios, só faça o que digo, te faço, preciso...
de asas inteiras alcanço destino marcado. sem eira nem beira, não queira na poda me ter em teus braços. palavras malditas afastam sentido vivido no agora. nāo mais me permito ouvir desatinos de homens tão fracos. me entrego tão cheia, exijo, me tenhas, no modo exato...

Flavia D'Angelo

aos meus pés...


com calma desnuda início de conto não antes contado. lhe piso no jeito que mesmo cabreiro aos dedos se rende, enfeitiçado. de mente que brilha, tão rico destilla saber encorpado, que toma inteiro o corpo que anseio espera apressado. e no seu começo no fim dos meus membros me entrego afoita. pois sei que mereço o prazer que me toma te sendo tão boba...tola

Flavia D'Angelo


cansaço me chega fazendo da cama espaço de regojizo. na mente e pele memórias do toque preenchem meu corpo. aguardo em anseios seu sexo...me preencho desse prazer que me leva daqui...não vivo sem gozar plenitude de te ter...

Flavia D'Angelo

despindo de pele
traças e marcas de passado vazio
em novo me visto
hoje me habito
renasço
não mais cicatrizes
curtidas em riste no espelho
cruel que trazia
na carne curtida
de sangue e medo
que não me pertence
lavado preenche de ensejo
recomeço me guia
em mergulho que deixo afogar
a vida que não me faz parte
jaz em mim a covarde
mulher inteira me invade
coragem...mereço

Flavia D'Angelo

anseio futuro num livre mergulho em ondas que me lavam de mar. me ensina que presa não mais almejo ficar. e passam lembrança vividas seguindo caminho marcado...de laços trançados que rede liberta, e ouso encarar no espelho a prova que tempo se vai, e chega marcando meu novo lugar...me deixo sonhar!

Flavia D'Angelo 
Arte: João de Oliveira

sinto falta de mim
do que sou e penso saber
do que sinto e não sei porque
do toque sentido que tosa prazer
do controle que me mantém dona de mim
não me encontro e nessa perda vazio me toma pesando meu ter
na busca de achar encontro mãos
que carinhosamente me afastam
das dúvidas e dores carregando desejo de estar,
apenas estar
sem cobrar, sem pensar
preciso me achar
e acolher no peito desejo de ser
sem pudor na entrega do tudo que sou
preciso me esquecer pra ser lembrada
e por sorte do destino...ser amada

Flavia D'Angelo

sobra de mim parte que surta do agora. me faz desligar o que dentro sofre. suplico a paz necessária de vida...desfaz pensar o escuro...quero luz!

Flavia D'Angelo 
Foto: Lena Maia

livre de amarras
vôo ensaio 
permeio sentido
de falso contexto
desfaço meu eixo
afasto do peito 
escarro da boca 
que viveu comigo

Flavia D'Angelo 
Foto: Leebaeck Choi

me acostumei com minha presença em horas que prezo ausência de ser. cansada de nada do que ninguém possa me oferecer, transbordo em sentidos do pouco vivido em ter. e nessa procura, que tardo segura, a oferecer o que já me basta, na face que afaga no doce dizer...te sinto bem fundo palpando murmúrio que calo viver

Flavia D'Angelo




no quarto
acendo cigarro
abarco sentido
me cobro
enlaço
bebida em cansaço
reflito pedaços
carrego comigo
desejo desfaço
escuro que rompe
vazio contido
na pele que cala
calor que apaga
me sinto...

Flavia D'Angelo




palavras me fazem tecer história que vivo. me sinto e sei que frágil escondo verdade no que represento. não quero ou permito que usem possível inocência no meu viver. profunda entrego sem armas o que me dita o momento. a nada me devo e me satisfaço por pouco estar. sou pele em toques, e finjo acreditar. portanto insisto no que me preenche e nada me prende, correntes entortam o gozo que peço. nos erros espelho a cama que nego deitar. não penso, espero...em ti me renego...me deixo amar!
Flavia D'Angelo

Notívaga


me cai e liberta a noite que escura enterra soluços. notívaga mente me abro em faces que brilho apaga. nela me vejo, sinto, sou e respiro verdade travada que dia jazia na cama qual prisão de realidade. silêncio preenche vazio que espelho já não me reflete. viva em paredes solitárias que acolhem inteiro não antes sentido. me penso, me roubo o direito de ser nua em carne e osso longe de tudo que me consome pedaços. momento que tempo perece e nele percebo o tudo de mim. no meio escuro me vejo e consumo ardente expurgo que me faz sorrir. 

Flavia D'Angelo

não me prendam correntes 
que deslizo temente a parte que me cabe. 
não sou bicho domado...

Flavia D'Angelo